Intuições cegas são aparecimentos
Palavras-chave:
Intuições cegas, Conceitos vazios, Aparecimento, Imaginação, EntendimentoResumo
Procuro determinar o que se deve entender por uma intuição que é cega pela ausência de conceito. Para isto, identifico inicialmente os diversos significados em que o termo “intuição†é utilizado por Kant e, em seguida, investigo se há, em cada um destes casos, alguma cegueira e como isto poderia ser entendida. Concluo que a cegueira da intuição sem conceitos concerne propriamente aos aparecimentos [Erscheinungen], entendidos como “objetos indeterminados da intuição empÃrica†(A20/B34). Em segundo lugar, percebo que também é possÃvel atribuir uma cegueira, embora com menor propriedade, ao ato de intuição (o intuir), embora somente enquanto este ato corresponda à produção dos aparecimentos. Já em relação à intuição no significado de representação mental, sejam elas desconectadas (como as sensações e a multiplicidade pura originária dos sentidos) ou reunidas num todo (como as intuições empÃricas e as formais), não encontrei qualquer justificativa para atribuir-lhes algum tipo de cegueira que correspondesse à falta de intervenção de representações conceituais.Referências
ALLISON, H. E. Kant's transcendental idealism: an interpretation and defense. New Haven, London: Yale Univ. Press, 1983.
AQUILA, R. E. “The Relationship between Pure and Empirical Intuition in Kantâ€. Kant-Studien: 68 (3), (1977), 275-89.
CALABRIA, O. P. “Ensaio sobre a unidade sintética meramente sensÃvelâ€. Estudos Kantianos, 3 (1), 2015, 265-281.
CALABRIA, O. P. “The Imagination in Kant’s Philosophy and Some Related Questionsâ€. Estudos Kantianos, 5 (1), 2017, 139-158.
CALABRIA, O. P. “Da relação entre os graus de conhecimento e as capacidades de representação em Kantâ€. Educação e Filosofia, 27 (n. especial), (2013), 281-302.
CALABRIA, O. P. A imaginação de Kant e os dois objetos para nós. Tese de doutorado em filosofia. UFMG, 2012 (Defesa: 29/02/2012).
CALABRIA, O. P. “A distinção kantiana entre aparecimento e fenômenoâ€. Kant E-Prints, Série 2, v. 1 (1), (2006), 119-26.
CALABRIA, O. P. Elementos fundamentais da AnalÃtica transcendental de Kant. Dissertação de Mestrado em Filosofia. UNICAMP, 2003.
FONSECA, R. D. “Aparência, presentação e objeto. Notas sobre a ambivalência de ‘Erscheinung’ na teoria kantiana da experiênciaâ€. Studia Kantiana, 14, (2013), 80-99.
KANT, I. Gesammelte Schriften Hrsg.: Bd. 1-22 Preussische Akademie der Wissenschaften, Bd. 23 Deutsche Akademie der Wissenschaften zu Berlin, ab Bd. 24 Akademie der Wissenschaften zu Göttingen. Berlin 1900ff.
KANT, I. CrÃtica da razão pura. Trad. por Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger. São Paulo: Abril Cultural, [1787] 1987.
KANT, I. CrÃtica da razão pura. Trad. por Manuela P. dos Santos e Alexandre F. Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, [1781 e 1787] 1997.
KANT, I. Antropologia de um ponto de vista pragmático. Trad. por Clélia Aparecida Martins. São Paulo: Iluminuras [1798b] 2009.
LOCKE, J. “Essay concerning Human Understandingâ€. In: The Works of John Locke, vol. I. London: Thomas Tegg, 1823.
PEREIRA, R. H. S. “Não-conceitualismoâ€. In. BRANQUINHO, J.; SANTOS, R. (orgs.). Compêndio em Linha de Problemas de Filosofia AnalÃtica, 1-32. Lisboa: Centro de Filosofia UL, 2015.
PIPPIN, R. B. Kant’s Theory of Form. An Essay on the Critique of Pure Reason. New Haven & London: Yale Univ. Press. 1982.
PLATO. Platonis Opera. Ed. John Burnet. Oxford University Press, 1903. (DispoÃvel: http://www.perseus.tufts.edu/hopper/text?doc=Perseus%3atext%3a1999.01.0171%3atext%3dCrat. [Mais recentemente acessado em 11/08/17])
LICHT DOS SANTOS, P. R. “A unidade da intuição e a unidade da sÃnteseâ€. Joel T. Klein (org.), Comentários à s obras de Kant: CrÃtica da razão pura, 145-178. Florianópolis: Nefiponline (CIK-UFSC), 2012.
ZÖLLER, G. “Of empty thoughts and blind intuitions Kant’s answer to Mcdowellâ€. Trans/Form/Ação, 33 (1), (2010), 65-96.