Da garantia do progresso do gênero humano no Kant tardio

Autores

  • Fábio César Scherer Universidade Estadual de Londrina (Londrina, Brasil)

Palavras-chave:

filosofia da história, progresso, paz, natureza, providência

Resumo

A pergunta pelo progresso jurídico-político e moral da humanidade, de acordo com uma ideia de como deveria ser o curso do mundo, se ele fosse adequado a certos fins racionais, é estabelecida por Kant em 1784. Depois foi tratada em diferentes textos, com destaque para 1798. Nestes pensa-se a “aproximação de um estado jurídico-político mais perfeito possível aos homens†enquanto caminho para o aperfeiçoamento moral do gênero humano, sendo que o primeiro é meio-fim para se alcançar o segundo. Tal linearidade, entretanto, não é encontrada quando se pergunta pelo mecanismo propulsor de garantia desse progresso. No primeiro escrito sobre a filosofia da história da fase crítica (1784), as disposições antagônicas “sociabilidade insociávelâ€, impostas pela natureza na natureza humana, são apresentadas como a mola propulsora para o desenvolvimento das potencialidades humanas. Todavia, no último texto crítico dedicado à filosofia da história (1798), Kant introduz um aspecto positivo na natureza humana, até então não tratado, a saber, a tendência moral do gênero humano, enquanto a responsável por tal progresso. Neste artigo, apontarei alguns elementos que auxiliam a explicar essa alteração quanto ao mecanismo de garantir o progresso da humanidade no Kant tardio. Defenderei, em suma, que há uma transição de uma filosofia da história pautada numa estrutura heteroimposta (impulsionada pela natureza e providência) para uma autoimposta – um dos motivos, inclusive, para a retomada da pergunta pela possibilidade de uma história a priori em 1798.

Referências

BECK, L. W. Kants Kritik der praktischen Vernunft. Ein Kommentar. München: Fink, 1974.

BELWE, A. Ungesellige Geselligkeit - Kant: Warum die Menschen einander "nicht wohl leiden", aber auch "nicht voneinander lassen" können. Würzburg: Königshausen & Neumann, 2000.

BOROWSKI, L. E.; JACHMANN, R. B.; WASIANSKI, E. A. Ch.. “Wer war Kant? Drei zeitgenössische Biographien von Immanuel Kantâ€. In: DRESCHER, S. (org.). Stuttgart: Neske Stuttgart, 1974.

BORRIES, K. Kant als Politiker. Zur Staats- und Gesellschaftslehre des Kritizismus. Leipzig: Meiner, 1928.

BRANDT, R. Kritischer Kommentar zu Kants Anthropologie in pragmatischer Hinsicht. Hamburg: Meiner Verlag, 1999.

BUFFON, G.-L. L. C. de. Histoire naturelle générale et particulière. Paris: L’Imprimerie Royale, 1749-1767.

BURG, P. Kant und die Französische Revolution. Berlin: Duncker & Humblot, 1974.

CAVALLAR, G. Pax Kantiana: systematisch-historische Untersuchung des Entwurfs "Zum ewigen Frieden" (1795) von Immanuel Kant. Wien/Köln/Weimar: Böhlau, 1992.

FETSCHER, I. “Immanuel Kant und die Französische Revolutionâ€. In: Kant als politischer Denker. GERRESHEIM, E. (org.). Inter Nationes Bonn-Bad Godesberg, 1974, 27-43.

GERHARDT, V. Immanuel Kants Entwurf "Zum ewigen Frieden": eine Theorie der Politik. Darmstadt: Wissenschaft Buchgesellschaft, 1995.

GUYER, P. Kant on freedom, law, and happiness. New York: Cambridge University Press, 2000.

HECK, J. N. Da razão prática ao Kant tardio. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2007.

HERRERO, J. Religião e história em Kant. São Paulo: Loyola, 1991.

HÖFFE; O. (org.). Metaphysische Anfangsgründe der Rechtslehre. Berlin: Akademie Verlag, 1999.

HÖFFE; O. (org.). Zum ewigen Frieden. Berlin: Akademie Verlag, 1995.

KANT, I. Kant's Werke. Preußischen Akademie der Wissenschaft (org.). Berlin: Walter de Gruyter, 1902 ss.

KERSTING, W. Kant über Recht. Regensburg: Mentis, 2004.

KERSTING, W. Wohlgeordnete Freiheit: Immanuel Kants Rechts- und Staatsphilosophie. Berlin/New York: de Gruyter, 1984.

KOSLOWSKI, P. Staat und Gesellschaft bei Kant. Tübingen: Mohr, 1985.

LEBRUN, G. Kant sans kantisme. Francis Wolff (org.). Paris: Fayard, 2009.

LOPARIC, Z. “O problema fundamental da semântica jurídica de Kantâ€. In: O filósofo e a sua história. SMITH, P. e WRIGLEY, M. B. (orgs.) Campinas: Unicamp/CLE, 2003, 481-524.

LOSURDO, D. Immanuel Kant. Freiheit, Recht und Revolution. Köln: Pahl-Rugenstein, 1987.

MEDICUS, F. Kants Philosophie der Geschichte. Berlin: Reuther u. Reichard, 1902.

NEIMAN, S. Das Böse denken. Eine andere Geschichte der Philosophie. Frankfurt am Main: Suhrkamp Verlag, 2004.

PEREZ, D. O. “Os significados da história em Kantâ€. Philosophica. Lisboa, v. 28 (2006), p. 67-107.

PHILONENKO, A. La théorie kantienne de l´histoire. Paris: Vrin, 1986.

SCHERER, F. C.. “Resolução kantiana do problema do progresso do gênero humanoâ€. In: SCHERER, F.; CACHEL, A.; FELDHAUS, C.; UTTEICH, L. (Org.). Temas de filosofia moderna e contemporânea I. 1ed.Guarapuava: Apolodoro Virtual Edições, p. 87-104, 2017.

RAULET, G. Kant, Historie et citoyennete. Paris: PUF, 1996.

TERRA, R. R. A política tensa: idéia e realidade na filosofia da história de Kant. São Paulo: Iluminuras, 1995.

WEIL, E. La philosophie politique de Kant. Paris: Presses Universitaires de France, 1962.

YOVEL, Y. Kant and the philosophy of history. New Jersey: Princeton University Press, 1980.

ZAMMITO, J. H. Kant, Herder and the birth of anthropology. Chicago: University of Chicago Press, 2002.

ZINGANO, M. A. Razão e história em Kant. São Paulo: Brasiliense, 1989.

Downloads

Publicado

2017-12-12

Edição

Seção

Artigos