A natureza “inatural” da razão em Kant

Autores

  • Christian Hamm Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, RS, Brasil)

Resumo

Refletir sobre a “natureza†da razão em Kant significa, principalmente, refletir sobre algo inteiramente “inaturalâ€, ou seja, sobre algo que, em sentido estrito, não pertence àquilo que, para Kant, representa “a naturezaâ€. Se partirmos da conhecida definição kantiana de “naturezaâ€, segundo a qual esta “é a existência das coisas enquanto determinada por leis universais†(Prol., § 14), fica evidente que a razão – não obstante a possibilidade ou até a necessidade de ser considerada como fonte de tais leis universais – ela própria não pertence às “coisas†cuja “existência†pode ser determinada por elas. Se pertencesse a uma natureza assim entendida, ela necessariamente se tornaria objeto de um possível conhecimento empírico e precisaria, como tal, corresponder a algo no mundo fenomênico – o que ela evidentemente não faz. Dizer, portanto, que a natureza da razão é inatural, significa que ela não é objeto de um possível conhecimento, que não podemos conhecê-la, ou, em outras palavras, que ela nada mais representa do que um conceito vazio, sem “significação realâ€. Meu trabalho pretende analisar esta situação paradoxal, tentar traçar pelo menos uma via de acesso à compreensão do caráter peculiar do que pode ser entendido como “natureza†da razão e determinar o lugar sistemático desta figura no todo do sistema transcendental kantiano. 

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