A tese da analiticidade na Fundamentação da Metafísica dos Costumes

Autores

  • Marília Espirito Santo UFRJ

Palavras-chave:

Liberdade, moralidade, analiticidade, reciprocidade, Fundamentação

Resumo

Na terceira seção da Fundamentação da metafísica dos costumes, Kant afirma que “uma vontade livre e uma vontade sob leis morais são uma e a mesma coisa†(4: 447). Difundida na literatura como tese da reciprocidade, o sentido dessa afirmação depende da caracterização da Einerleiheit a que se refere Kant. A questão é determinar se o adjetivo einerlei designa uma identidade entre o conceito de vontade livre e o conceito de vontade sob leis morais ou, mais que isso, uma mesmidade. A partir da compreensão do exato sentido da noção de liberdade, que aparece sob diversas acepções na Fundamentação, e do exato sentido da expressão “sob leis moraisâ€, que é representada, de modo sintético, como imperativo categórico pelos seres racionais imperfeitos, sustentamos que, no contexto argumentativo em que é enunciada, a tese de Kant se refere a uma relação de analiticidade entre liberdade e moralidade restrita aos seres racionais perfeitos.

Referências

ALLISON, H. “Morality and Freedom: Kant’s Reciprocity Thesisâ€. In: Philosophical Review, vol. 95, 1989, p. 393–425.

ALLISON, H. Kant’s Theory of Freedom. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.

ALLISON, H. “Morality and Freedom: Kant’s Reciprocity Thesisâ€. In: GUYER, P. (ed.) Kant’s Groundwork of the Metaphysics of Morals: Critical Essays. Oxford: Rowman & Littlefield Publishers, 1998, p. 273 – 302.

ALLISON, H. Kant’s Groundwork for the Metaphysics of Morals. Oxford: Oxford University Press, 2011.

ALMEIDA, G. “Introdução do tradutorâ€. In KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009 p. 11 - 55.

ALMEIDA, G. “Notas do tradutorâ€. In KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009, p. 410-429.

BOJANOWSKI, J. Die Deduktion des Kategorischen Imperativs. In SCHÖNECKER, D. (org.) Kants Begründung von Freiheit und Moral in Grundlegung III: Neue Interpretationen. Münster: Mentis, 2015, p. 83-108.

CODATO, L. “Extensão e forma lógica na Crítica da razão puraâ€. In: Discurso, n. 34, 2004, p. 145-202.

ESPIRITO SANTO, M.; CODATO, L. “A Crítica da razão pura, de Kantâ€. In: DOS SANTOS, M. et al. (org.) Nos ombros de gigantes: por que ler os clássicos?, 2019 (manuscrito).

GUYER, P. “Problems with Freedom: Kant’s Argument in Groundwork III and its Subsequent Emendationsâ€. In: TIMMERMANN, J. (ed.). Kant’s Groundwork of the Metaphysics of Morals: A Critical Guide. Cambridge: Cambridge University Press, 2013, p. 176-202.

GUYER, P. “The Struggle for Freedom: Freedom of Will in Kant and Reinholdâ€. In: WATKINS, E. (ed.). Kant on Persons and Agency. Cambridge: Cambridge University Press, 2017, p. 120-137.

HORN, C. “Das Bewusstein, unter dem moralischen Gesetz zu stehen: Kants Freiheitsargument in GMS IIIâ€. In: SCHÖNECKER, D. (org.) Kants Begründung von Freiheit und Moral in Grundlegung III: Neue Interpretationen. Münster: Mentis, 2015, p. 137–156.

KANT, I. (1764-75?). Kant’s handschriftlicher Nachlaß (Logik). In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. XVI. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.

KANT, I. (1781). Kritik der reinen Vernunft. Hamburg: Meiner, 1990.

KANT, I. (1781). Crítica da razão pura. Trad. Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1997.

KANT, I. (1781). Critique of Pure Reason. Trans. Paul Guyer and Allen Wood. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.

KANT, I. (1780s). The Vienna Logic. In Young, J. M. (trans. and ed.). Lectures on Logic. The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 251-377.

KANT, I. (1783). Prolegomena zu einer jeden künftigen Metaphysik, die als Wissenschaft wird auftreten können. In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. IV. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.

KANT, I. (1783). Prolegomena to Any Future Metaphysics. Trans. by Gary Hatfield. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

KANT, I. (1785). Grundlegung zur Metaphysik der Sitten. Mit einer Einl. hrsg. Von Bernd Kraft und Dieter Schonecker. Hamburg: Meiner, 1999.

KANT, I. (1785). Fundamentação da metafísica dos costumes. Tradução nova, com introdução e notas por Guido Antônio Almeida. São Paulo: Discurso editorial/Barcarolla, 2009.

KANT, I. (1785-88?). Reflexionen zur Metaphysik. In Kant’s gesammelte Schriften. Preussische Akademie der Wissenschaften, Vol. XVIII. Berlim: Walter de Gruyter, 1926-28.

KANT, I. (1788). Crítica da razão prática. Tradução, introdução e notas de Valério Rohden. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

KANT, I. (1788). Critique of Practical Reason. In Gregor, M. J. (ed.), Practical Philosophy. Cambridge: Cambridge University Press, 2008, p. 133-271.

KANT, I. (1790s). The Dohna-Wundlacken Logic. In Young, J. M. (trans. and ed.). Lectures on Logic. The Cambridge Edition of the Works of Immanuel Kant. Cambridge: Cambridge University Press, 1992, p. 431-516.

KANT, I. (1800). Logik. In Elektronische Edition der gesammelten Werke Immanuel Kants. Vol. IX. Disponível em http://www.korpora.org/Kant/.

KANT, I. (1800). Lógica. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.

LONGUENESSE, B. Kant e o poder de julgar. Trad. Cunha, J. G. & Codato, L. Campinas: Unicamp, 2019.

REINHOLD, C. L. (1792). Achter Brief: Erörterung des Begriffs von der Freiheit des Willens. In _____. Briefe über die Kantische Philosophie, v. 2. Leipzig.

SCHÖNECKER, D. (2013). “A Free Will and Will under the Moral Laws are the sameâ€. In: SENSEN, O. (ed.). Kant on Moral Autonomy. Cambridge: Cambridge University Press, 2013, p. 225-245.

SCHÖNECKER, D. Kant: Grundlegung III. Die Deduktion des kategorischen Imperativs. Freiburg/München: Karl Alber, 2016.

SCHÖNECKER, D.; WOOD, A. Immanuel Kant’s Groundwork for the Metaphysics of Morals. A Commentary. Cambridge: Harvard University Press, 2015.

SIDGWICK, H. “The Kantian Conception of Free Willâ€. In: Mind, v. 13, n. 51, 1888, p. 405-412.

SIDGWICK, H. The Methods of Ethics. London: Macmillan, 1907.

STEIGLEDER, K. “The Analytic Relationship of Freedom and Moralityâ€. In: HORN, C.; SCHÖNECKER, D. (orgs.). Groundwork for the Metaphysics of Morals. Berlin: Walter de Gruyter, 2006, p. 225-246.

WILLIAMS, B. Ethics and the Limits of Philosophy. Cambridge: Harvard University Press, 1985.

Downloads

Publicado

2020-07-08

Edição

Seção

Artigos