Onde (não) entram voz universal e sensus communis nos juízos-de-gosto?

Autores

  • Rômulo Eisinger Guimarães Universidade Federal de Santa Maria (Santa Maria, Brasil)

Palavras-chave:

Crítica do Juízo, voz universal, sensus communis, fundamentação transcendental dos juízos-de-gosto

Resumo

Seja uma das tarefas da Crítica do Juízo a fundamentação transcendental de uma faculdade que, como Entendimento e Razão, possui a priori seus princípios legislantes. Em virtude desta fundamentação atribui Kant à faculdade do Juízo – e ao sentimento de prazer envolvido em juízos-de-gosto estéticos – validade universal. Contudo, em meio ao segundo momento da Analítica do Belo, afirma Kant que quem profere um juízo-de-gosto “crê ter em seu favor uma voz universal (baseada num sensus communis) e reivindica a adesão de qualquer um†(KU, AA 05: 216). Sendo assim, voz universal e sensus communis parecem colidir com a fundamentação transcendental dos juízos-de-gosto: porque ou reivindicamos universalidade graças à sua localização transcendental; ou porque, proferindo tais juízos, cremos ouvir uma voz universal. O presente artigo se debruça sobre algumas obscuridades da argumentação kantiana referente às figuras de voz universal e sensus communis em juízos-de-gosto, numa tentativa de situá-las no contexto da terceira Crítica.

Referências

ALLISON, H. A., Kant’s theory of taste: a Reading of the Critique of Aesthetic Judgment. Cambridge: Cambridge University Press, 2001,

ARISTÓTELES. Da alma (trad. Carlos Humberto Gomes). Lisboa: Edições 70, 2001.

GINSBORG, H. “Interesseloses Wohlgefallen und Allgemeinheit ohne Begriffe (§§ 1-9)â€. In.: HÖFFE, O. (Hrsg.), Kritik der Urteilskraft. Berlin: Akademie Verlag, 2008, 59-77.

HAMM, C. V. “‘Jogo livre’ e ‘sentido comum’ na teoria estética kantianaâ€. Estudos Kantianos, v. 5, n. 1, Jan./Jun., (2017), 69-80.

HUME, D. The Philosophical Works of David Hume, 4 vols. Edinburgh: Adam Black, William Tait and Charles Tait, 1826.

HUME, D. Do padrão do gosto. In.: Investigação acerca do entendimento humano, ensaios morais, políticos e literários (Col. Os Pensadores). (trad. Anoar Aiex) São Paulo: Nova Cultural, 1996, 333-50.

HUME, D. Tratado da natureza humana: uma tentativa de introduzir o método experimental de raciocínio nos assuntos morais (trad. Déborah Danowski). São Paulo: UNESR, 2009.

KANT, I. Gesammelte Schriften. (Akademieausgabe). Berlin: Preussische Akademie der Wissenschaften / Walter de Gruyter, 1990.

KANT, I. Crítica da razão pura (trad. Valério Rohden e Udo Baldur Moosburger).São Paulo: Nova Cultural, 1996 (Col. Os Pensadores).

KANT, I. Crítica da razão prática (trad. Monique Hulshof), Petrópolis: Vozes, 2016.

KANT, I. Crítica da faculdade do juízo (trad. Valério Rohden e António Marques). Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2012.

KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70, 2011.

KANT, I. Lógica (trad. Guido Antônio de Almeida). Rio de Janeiro: Tempo brasiliense, 1992.

KULENKAMPFF, J. “Do gosto como uma espécie de sensus communis, ou sobre as condições da comunicação estéticaâ€. Trad. Peter Naumann. In.: ROHDEN, V. (Org.), 200 anos da Crítica da Faculdade do Juízo de Kant. Porto Alegre: UFRGS, 1992, 65-82.

VOSSENKUHL, W. „Die Norm des Gemeinsinns: über die Modalität des Geschmackurteils“. In.: ESSER, A. (Hrsg.), Autonomie der Kunst?: zur Aktualität von Kants Ästhetik. Berlin: Akademie Verlag, 1995, 99-123.

WENZEL, C. H., An introduction to Kant’s aesthetics: core concepts and problems. Malden: Blackwell Publishing, 2005.

ZAMMITO, J. H., The genesis of Kant’s Critique of Judgement. Chicago: The University of Chicago Press, 1992.

Downloads

Publicado

2018-04-12

Edição

Seção

Artigos