Origens e antecedentes da intuição pura do espaço em Kant (1768-1769)

Autores

  • Lucas Alessandro Duarte Amaral Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Palavras-chave:

Kant, espaço, virada crítica, idealidade.

Resumo

O presente artigo tem por objetivo investigar o tema do espaço em dois anos do arcabouço teórico do filósofo Immanuel Kant: 1768 e 1769. Ainda que se trate de apenas alguns poucos anos dentro de uma carreira intelectual que ocupou décadas, defenderemos a tese de que foi exatamente nesse período específico em que se encontram mudanças decisivas por parte do filósofo no que se refere a determinadas posições defendidas por ele mesmo em seus textos anteriores aos anos que nós exploraremos aqui, por um lado, e, por outro, a descoberta de problemas nos quais o tema do espaço desempenha um papel fundamental. Para a realização de tal tarefa, optamos por proceder da seguinte maneira: primeiramente trataremos do Opúsculo de 1768, sobre as direções do espaço, escrito em que Kant rompe em definitivo com a noção de espaço relativo (a qual remonta, em última análise, ao nome de Leibniz), e passa a aceitar a tese newtoniana de espaço absoluto. Feito isso, apontaremos ainda para as possíveis contribuições do mencionado texto à posteridade do pensamento de Kant, bem como, determinados problemas lá contidos em vista do que o filósofo diria acerca do espaço nos anos subsequentes. Em um próximo passo, a partir da Reflexão 5037, será exposta uma nova compreensão por parte de Kant: dessa vez, um tanto diferente do Opúsculo de 1768, mostrando-se uma doutrina muito mais próxima daquela defendida pelo filósofo em seus textos do período crítico.

Biografia do Autor

Lucas Alessandro Duarte Amaral, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)

Doutorando em Filosofia.

Referências

ARANA, J. Kant y las tres físicas. Crisis de la Modernidad, Salamanca, Sociedad Castellano-Leonesa de Filosofía: 1991. Páginas: 55-79.

BEISER, F. C. Kant’s intellectual development. In: GUYER, P (org.): The Cambridge Companion to Kant. Cambridge U. Press. Páginas: 26-61. 1992.

BURTT, E. A. As bases metafísicas da ciência moderna. Editora UNB, 1991.

CASSIRER, E. El problema Del conocimiento, Vol. II. Fondo de cultura Econômica. 1953.

CAMPO, M. La genesi del criticismo kantiano. Varese. Magente. 1953.

DE VLESSCHAUWER, H. J. La Deduction Transcendentale dans L’Ouvre de Kant. Tome Premier : La Deduction Transcendentale avant la Critique de la Raison Pure. Garland Publishing, Inc. 1934.

DOS SANTOS, L. R. Crítica e metafísica: A interpretação kantiana de Leibniz. In: DOS SANTOS, L. R.: A razão sensível – Estudos Kantianos, Lisboa. Edições colibri. Páginas 99-116. 1994.

EISLER, R. Kant Lexikon. Hidelsheim: Georg Olms Verlag, 1984.

ERDMANN, B. Einleitung zu Immanuel Kant's Prolegomena zu einer künftigen Metaphysik, die als Wissenschaft wird auftreten können. Leizpig. I-CXIV. 1878.

FANG, J. Das Antinomienproblem in Entstehungsgand dre Transzendentalphilosophie. Kant-Interpretationen. Münster, 1967.

FRIEDMAN, M. Kant and the exact sciences. Harvard U. Press. 1992.

GERHARDT, K. I. (ed.) Leibnizens mathematische Schriften.Vol. 5. Halle. Druck und Verlag von H. W. Schimidt. 1858.

HINTIKKA, J. Kant on the mathematical method. In: POSY, C. J.: KANT’S PHILOSOPHY OF MATEMATHICS – Modern Essays. Kluwer Academic Publishers. Páginas: 21-42. 1992.

JAMMER, M. Conceitos de Espaço: A história das teorias do espaço na física. Contraponto PUC-RIO. 2010.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. Manuela dos Santos e Arthur F. Morujão. Lisboa. Fundação Calouste Gulbekian, 1991.

KANT, I. Critique of Pure Reason. Trad. Paul Guyer. Cambridge U. Press. 1998.

KANT, I. Forma e princípios do mundo sensível e do mundo inteligível. Trad. Paulo Licht dos Santos. In: Escritos pré-críticos, 1ª edição. São Paulo: Editora Unesp, 2005.

KANT, I. Handschriftlicher Nachlass, Akademie Ausgabe, AA XVII-XVIII. B. IV-V. Ed. E. Adickes. Berlin. Berlin. 1912.

KANT, I. Manuscrit de Duisburg (1774-1775) – Choix de Réflexions des années 1772-1777. Trad. François-Xavier Chenet. Paris. Librairie Philosophique J. Vrin. 1988.

KANT, I. Metaphysic L². In: Lectures on Metaphysics. Ed. e trad. Karl Ameriks and Steve Naragon. Cambridge U. Press. New York. 2001.

KANT, I. Metaphysical Foundations of Natural Science. Trad. M. Friedmann. Cambridge U. Press. New York. 2002.

KANT, I. Pensamientos sobre la verdadera estimacion de las fuerzas vivas. Trad. Juan Arana Cañedo-Argüeles. Peter Lang. Bern. Frankfurt am Main New York. Paris. 1988.

KANT, I. Prolegômenos a Toda Metafísica Futura. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70, 2008.

KANT, I. Reflexionen Kants zur Kritischen Philosophie. Ed. B. Erdmann. Leipzig. 1882.

KANT, I. Sobre o primeiro da distinção de direções no espaço. Trad. Rogério Passos Severo. In: Cadernos de Filosofia Alemã, São Paulo, v. 2, pp. 61-75, 1997.

KANT, I. Uso da metafísica unida à geometria em filosofia natural cujo espécime I contém a monadalogia física. Trad. José de Andrade. In: Textos pré-críticos. Ed. rés. Porto. 1983.

KANT, I. Vom dem ersten Grunde des Unterschiedes der Gegenden im Raume. Akademie Ausgabe, AA II. Ed. E. Adickes. Berlin. 1912.

KEMP SMITH, N. A commentary to kant´s critique of pure reason. Palgrave Macmillan, 2008.

LEIBNIZ, G. W. Correspondências com Clarke. Trad. Carlos Lopes de Mattos. São Paulo: Abril Cultural. 1978.

LEIBNIZ, G. W. Monadologia. Trad. Marilena Chauí. São Paulo: Abril Cultural. 1978.

LEIBNIZ, G. W. Novos Ensaios sobre o Entendimento Humano. Trad. Luis João Baraúna. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

LINHARES, O. B.: O despertar do sonho dogmático. Trans/Form/Ação. São Paulo. 28 (2). Páginas: 53-81. 2005.

PATON, H. J.: Kant’s Metaphysic of Experience – A commentary on the first half of the Kritik der Reinen Vernunft. 2 Vol. London. 2004.

REICH, K. “Über das Verhältnis der Dissertation und der Kritik der reinen Vernunft und die Entstehung der kantischen Raumlehre.†In: Kant. De mundi sensibilis atque intelligibilis forma et principiis. Introdução à tradução alemã de Hamburg, Felix Meiner. P. VII-XVI. 1958.

RUSSELL, B. A critical exposition of the philosophy of Leibniz. Cambridge U. Press. 1900.

SMCHUKER, J. “Zur entwicklungsgeschichtlichen Bedentung der Inauguraldissertation von 1770â€. In. Kant-Studien, v. 65 P. 263-282. 1974.

SPINOZA, B. Ética Demonstrada segundo a ordem geométrica e dividida em cinco partes. Trad. Tomaz Tadeu. Ed. Autêntica. Ed. Bilíngue: latim-português. 2007.

TORRETI, R. MANUEL KANT – Estudio sobre los fundamentos de la filosofia crítica. Ediciones de la Universidad Chile. 1967.

VAIHINGER, H. Commentar zu Kants Kritik der reinen Vernunft. Studgard/Berlim/Leipzig Union Deutsche Verlagsgesellschaft. 1921. 2 v.

Downloads

Publicado

2016-12-30

Edição

Seção

Artigos